domingo, 23 de maio de 2010

Eu Calopsita


Apararam minhas asas para conter meu vôo, diziam que era para evitar que eu me machucasse entre as paredes, janelas ou até mais perigoso, fosse direto e sem proteção para o mundo predador.

Me tornei alegre, afavel, sempre feliz entre os que me demonstravam amor. Cantava demonstrando meus talentos, distribuia cores em minhas penas tornando o cenário lúdico e feliz.

Como uma calopsita mansa me tornei parte da familia, acompanhando seus passos, suas aventuras, sempre disponível para dar um assovio e espantar a tristeza quando ela resolvia se instalar no ar da casa.

Bonita, mansa, alegre, afinada, altruista.

QUERO VOAR!

Distraidamente vou distraindo o tempo e minhas asas voltam a crescer e a fortalecer.

Terei que arriscar vôos desconhecidos e aprender a me defender dos predadores e também a conhecer novos caminhos e amigos. Sair pela janela ganhando o mundo e suas emoções, corajosamente enfrentando os meus desafios.


"Os poemas são passaros que chegam e não se sabe de onde e pousam no livro que lês.

Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não tem pouso nem porto,

alimentam- se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos

vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti..." (Mario Quintana).