
Apararam minhas asas para conter meu vôo, diziam que era para evitar que eu me machucasse entre as paredes, janelas ou até mais perigoso, fosse direto e sem proteção para o mundo predador.
Me tornei alegre, afavel, sempre feliz entre os que me demonstravam amor. Cantava demonstrando meus talentos, distribuia cores em minhas penas tornando o cenário lúdico e feliz.
Como uma calopsita mansa me tornei parte da familia, acompanhando seus passos, suas aventuras, sempre disponível para dar um assovio e espantar a tristeza quando ela resolvia se instalar no ar da casa.
Bonita, mansa, alegre, afinada, altruista.
QUERO VOAR!
Distraidamente vou distraindo o tempo e minhas asas voltam a crescer e a fortalecer.
Terei que arriscar vôos desconhecidos e aprender a me defender dos predadores e também a conhecer novos caminhos e amigos. Sair pela janela ganhando o mundo e suas emoções, corajosamente enfrentando os meus desafios.
"Os poemas são passaros que chegam e não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não tem pouso nem porto,
alimentam- se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos
vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti..." (Mario Quintana).